Estreando nossa casa nova, a Newsletter de hoje tá diferente. Ao invés de conto erótico, quero compartilhar com você uma carta de amor. Aliás, uma carta que escrevi pro Amor, fruto de uma prática que aprendi com Elizabeth Gilbert, uma das minhas escritoras favoritas. Ela diz que essa escrita é uma forma de prece. É simples: você pergunta pro Amor e ele responde.
Começa assim: Querido amor, o que você gostaria que eu soubesse hoje sobre…? Nesse espaço em branco você pode perguntar o que quiser, hoje perguntei sobre ele mesmo. Esta foi a resposta:
Querido Amor,
o que você gostaria que eu soubesse hoje sobre o amor?
Criança,
você não é mais uma criança. Você é uma mulher adulta que carrega em si a criança que foi, uma pequena Lua de cabelos loiros e olhos grandes demais, curiosa e gulosa, desde cedo querendo o mundo. E desde cedo você se deparou com o vazio, seu pai foi embora e deixou um buraco imenso que você, já grande, tentou preencher com o amor de outros homens, pra depois, depois de muitas quedas, lições e amores que não sabiam amar, descobrir que esse vazio é seu, só seu. Nem o seu pai pode ocupá-lo.
Você pergunta sobre amor e eu te respondo sobre vazio, eu sei que você sabe, sempre soube, sempre intuiu, que amor é sobre completude, mas uma coisa você precisa entender agora: não é sobre completar os vazios e assim fazê-los desaparecer, é sobre abarcá-los, por isso é completo. Não há amor sem vazio. A sua carência, essa que você por tanto tempo teve vergonha e que ainda hoje tem dificuldade de lidar, copiando a linhagem de mulheres fortes que vieram antes de você, as mulheres da sua família que tiveram que suportar tanto e sacrificaram tanto e perderam tanto.
Você carrega a dor dessas mulheres. Você as ama e sente a dor que elas sentiram. Mas você pode e já está quebrando essa herança, você já aprendeu que amor não é sobre dor e que, como lhe disse seu irmão uma vez, auto sacrifício não é uma boa linguagem do amor.
Estou tão orgulhoso de você, minha filha, pela sua insistência em ser você mesma, sua coragem de me procurar, de procurar o amor que você sempre acreditou ser possível num mundo que nunca te disse que era. Você me imaginou, você me sonhou, você teve uma visão, você me ouviu no seu corpo - você vem de longa jornada tentando me encontrar para além do sonho, na carne e nos encontros.
Eu vou te provar que existo, mas você precisa ter paciência. Toda sua vida é sobre amor. Esse não é um tema pequeno pra você, então é óbvio que a jornada não seria curta. Não ter sido amada como você queria, não ter sabido amar tantas vezes, especialmente a você mesma, faz parte do processo, é tudo aprendizado.
Você ainda se pergunta se sua teimosia, sua firmeza em querer um amor que te caiba, que caiba outros amores, é errada, desmedida, se falta pensar no outro. Mas você pensa nos outros all the time, my love. You give so much. E isso é bonito, mas você ainda não aprendeu a receber. Você ainda acha que é uma moeda de troca, que precisa dar pra receber, e confunde dar o que o outro quer e não o que você pode.
Quantas vezes você deu carinho, acolhimento, colo sem esperar nada em troca? Porque dar te nutria também, porque adora cuidar de quem ama? Por que deveria ser diferente com você? Por que ainda acha que não pode receber só por ser quem você é, pela sua beleza e inteireza?
Você não precisa compensar nada - seus pés, seus desejos, seu jeito. Você é digna de amor, muito. Você é amor. I'm always here with you, within you.
Continue amando. É isso que vai te levar longe.
— Ritual para sentir
Dá play na música Coração Vagabundo, de Gal e Caetano, fecha os olhos e sente. Só sente. "Meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer". Escuta algumas vezes, se for preciso. Depois pega uma folha, um caderno e escreve essa pergunta: o que o seu coração quer ser? O que ele te responde?
— Diário, março de 2024
Ano passado perdi a poesia e o prazer pelo meio do caminho, mas esse ano finalmente reencontrei. Reencontrei as belezas miúdas de todo dia e as imensas também, me reconectei profundamente com o prazer, entendi de uma vez por todas a importância do descanso, fortaleci meu apreço pelos dias de sol e voltei a sentir minha criatividade viva e pulsando. Nesse clima de voltar a mim, voltei também ao trabalho, que é uma parte tão grande de quem sou. E comecei um novo projeto, um livro. Sim, um livro de reflexões lascivas sobre corpo, prazer, amor, sexo.
Se você gosta das minhas palavras aqui, suspeito que vai gostar dessa nova criação. Me conta, ficou curiosa?
— Sugestão Lasciva
A sugestão lasciva de hoje é a série Amor no Espectro, da Netflix, que acompanha pessoas com autismo na busca pelo amor. Uma série delicada para aquecer o peito em tempos de cólera.
— Pra dar replay
Uma das discussões que mais me pedem para trazer atualmente nas redes sociais é sobre acordos e regras na não-monogamia. Aqui nesse vídeo respondi e trouxe a dica mais preciosa que aprendi com a prática e a vivência não-monogâmica:
— Curadoria Lasciva
para te nutrir de erotismo
Um beijo:
Algumas palavras:
Um vlog:
Perfeita lua! E completa ❤️ gosto de cada partezinha do post, como você complementa com vários dos 5 sentidos. Você leva minha cabeça curiosa a diversos lugares, você me envolve. Eu amei.
Simplesmente encantada pelo novo formato da news ✨ ainda mais, por não usar Instagram hoje em dia, poder comentar aqui trás uma proximidade com a Lua que eu estava sentindo falta. Agradecida demais por isso!