Não me considerava bruxa, apenas mulher, numa época em que ser mulher era o mesmo que ser culpada. Por isso precisávamos de brechas, de respiros pra não enlouquecer, adormecíamos os pais, maridos e filhos e nos embrenhávamos na floresta negra sem medo da escuridão, os lobos uivavam sentindo nosso cheiro de cio, as corujas piavam sábias, as serpentes rastejavam ao nosso lado.
Por pura diversão elas se intrometiam debaixo das pesadas saias, se enroscavam pelas panturrilhas, subiam pelas coxas – picavam o nosso sexo e não morríamos, pelo contrário, a picada acendia a vida, fazia arder tudo, incandescia um fogo bravo pelo ventre, era o início do transe.
Alcançávamos uma clareira no meio da floresta, as mais novas acendiam a fogueira, a mais velha, aquela dos cabelos brancos, preparava a poção que passava de mão em mão, uma mistura amarga de vinho, sangue, ervas e veneno, bebíamos sem reclamar, os morcegos voavam enlouquecidos e começávamos a dançar debaixo da lua cheia.
As botinas, os espartilhos, as camisas de algodão cru, as enfadonhas saias de lã, as cobranças e culpas impostas, tudo caía ao chão, nos despíamos, mas não sentíamos frio nem quando o inverno baixava cruel, nossa pele era morna e nossos braços pródigos: caíamos umas nos braços das outras porque sabíamos que juntas éramos mais quentes. A carne contra carne produz magia; vocês, nossas filhas, netas, bisnetas, ainda sabem disso, num lugar fundo, é conhecimento ancestral.
Sob à luz da fogueira nós brilhávamos, deitávamos sobre o tapete de folhas secas e nos masturbávamos sob a luz da lua, nossos gemidos eram nossas preces e cada orgasmo uma oferenda pra Deusa. Havia aquelas que preferiam estar sozinhas, haviam aquelas que procuravam outras e com a boca ainda amarga se demoravam em longos e molhados beijos de mulher.
Esses beijos percorriam o corpo inteiro, as axilas, virilhas, costas, coxas, nada passava desamado. E as bucetas, sagradas e profanas, pingavam na terra, era inebriante, o cheiro, os sons, o gozo. Eu olhava para os lados, para os corpos nus sob a luz do luar, e tudo era uma coisa só, nós éramos parte da Natureza e não havia medo nem vergonha. Naquelas noites éramos livres.
Com o tempo foram matando a floresta e a nós. Perdemos muitas irmãs nas fogueiras que não construímos. Ainda hoje continuamos perdendo. Por isso aqui volto para dizer, filhas, netas, bisnetas, vocês carregam o nosso sangue, o sangue da Natureza, que corre como rio por dentro dos veios da carne, apare suas irmãs, afie o seu afeto, desembainhe sua coragem, defenda-se, faça-se ouvir, grite, dance, ame.
Se posso aconselhar qualquer coisa é: não deixe seu o corpo morrer antes do tempo, este é o maior sacrilégio, deixar a vida apodrecer enrustida por debaixo da casca; todo mês há lua para dançar, há magia para se apelar, há vida para se viver.
Deusa, depois de se deleitar lendo essa news, que tal encaminhar para uma amiga que também merece sentir prazer lendo esse conto?
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A sugestão lasciva de hoje é o podcast Clube das Intensas, fundado por mim, Lua, e minhas amigas Pâmela Ribeiro e Clariana Leal. O Clube das Intensas é pra quem sente demais, pra quem se afeta e se comove e se emociona - e se desespera de vez em quando. No primeiro episódio, lançado no Dia das Bruxas, conversamos sobre as dores e delícias de ser intensa. Dá play, vai ser uma delícia ter você no nosso Clubinho.
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Estou oficialmente com a agenda cheia e, portanto, encerrada pra novos agendamentos de sessões individuais comigo. É uma honra imensa poder ouvir as histórias, angústias e desejos de tantas mulheres - e contribuir com os seus processos. Assim que abrirmos novas vagas, aviso por aqui. Fica atenta!
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