Na praia em Barcelona, Celina fez topless pela primeira vez e percebeu que nunca tinha sentido o sol sobre seus mamilos, aquilo a excitou, o calor, o corpo livre, as gotas de suor e sal escorregando promíscuas pela pele.
Nessa noite encontrou Salvador, cachos castanhos, tez de oliva, inglês quebrado com sílabas cheias de curvas, ele a excitou. Depois do jantar regado a vinho e azeitonas, numa ruela escura com arcos de pedras ancestrais, Salvador colocou a mão por debaixo do seu vestido, massageou sua buceta por cima da calcinha, afastou pro lado, enfiou dois dedos dentro e depois os lambeu com vontade.
Celina esqueceu de qualquer moral encarcerada, se tornou o próprio tesão, inconsequente e livre, e a transgressão a satisfez mais do que um orgasmo. Antes de se despedirem ela colocou nas mãos de Salvador sua calcinha molhada, um souvenir pra que se lembrasse dela, ele levou ao nariz e inspirou fundo.
Seis meses atrás, Celina nunca sonharia que estaria em Barcelona sendo chupada por um catalão aleatório que, apesar de amigo de uma amiga, era apenas um estranho. Seis meses atrás, Celina sabia que tinha se perdido de si e lembrava, saudosa, amarga, do tempo em que a vida ainda parecia grande e cheia de possibilidades. Na época da faculdade de arquitetura, Celina sonhava com espaços amplos e iluminados, com caminhos verdes e sustentáveis.
Seis meses atrás, a época da faculdade parecia distante, Celina não sonhava mais, só queria um respiro e a capacidade de sustentar o peso dos próprios ombros, no desmistério do cotidiano, com um filho de cinco anos e um marido de quarenta que parecia filho também, a vida era pequena e cheia de obrigações, tudo era apenas uma enfadonha repetição, voltas e voltas que não davam em lugar nenhum.
Agora Celina dava voltas em cidades desconhecidas e reencontrava a si mesma em cada canto inusitado, em ruas chamadas calles e igrejas sombrias e museus majestosos e sexo com estranhos, descobria que ser estrangeira pra eles fazia com que se sentisse o que era: mulher - não mais esposa, não só mãe, e aquilo era uma liberdade primitiva e deliciosa.
Prometeram pra Celina que quando ela tivesse uma casa, um casamento, um marido, um filho, ela alcançaria a felicidade impossível, mas primeiro veio o enjoo da gravidez e depois o enjoo de tudo, aos poucos foi sendo sufocada debaixo dos escombros de uma vida aparentemente perfeita, até que um dia não conseguiu respirar.
No escritório onde trabalhava, ela pensou que fosse morrer, uma bomba explodindo no peito, que triste, ela pensou, um ataque fulminante num corpo que ainda não chegou nem no que deveria ser a metade da vida. Uma colega de trabalho a dirigiu pro hospital às pressas e depois de alguns exames Celina ouviu que não havia nada de errado com seu coração, era apenas uma crise de pânico, a médica disse sorrindo.
Mas Celina não sorria, tinha esquecido como. Por insistência de uma amiga foi pra terapia que sempre pensou que não precisava e descobriu que seu terror mais profundo não era de morrer, mas de continuar vivendo como estava. Depois dessa revelação conseguiu achar poético que o coração tivesse sido tão extremo, ele lhe lembrou que ela ainda estava viva e havia vida a se viver.
Num café em Veneza, Celina conheceu Lorenzo, ela lia um livro, ele se aproximou pra perguntar qual era, olhos verdes e camisa de botão mostrando um peito bronzeado, depois de uma conversa acalorada sobre quem é Elena Ferrante e como a Igreja Católica é culpada pela culpa, Celina perguntou se ele queria convidá-la pra sua casa.
Deitada como uma musa renascentista no sofá de Lorenzo, Celina assistiu ele se ajoelhar diante do seu corpo nu e beijar seus pés enquanto se masturbava, a servitude daquilo a excitou, Celina se masturbou junto e gozou clamando por Deus, pela primeira vez em muito tempo acreditando que ele poderia existir e se existisse seria mulher.
Foi depois da crise de pânico, da terapia e da revelação que Celina pediu o divórcio, deu graças por não estar presa naquele casamento, tirou férias e, com parte do que ganhou pela venda do apartamento, fez o que muitos a julgaram por fazer: deixou o filho com o pai e viajou sozinha pela primeira vez em 38 anos.
Em Paris, Celina conheceu Antoine num aplicativo, ele a levou pra beber vinho e comer crème brûlée em Montmartre, tinha um olhar profundo e escuro como sua pele, lábios grossos e gestos delicados e aquela delicadeza a excitou, quando finalmente se beijaram, foi um beijo lento e molhado, como se não houvesse motivo pra pressa. Celina, tão acostumada a correr de um lado pro outro, sentiu um alívio profundo naquela demora.
Depois de subir os cincos andares do prédio sem elevador, Celina entrou no apartamento de Antoine ofegando e não parou mais de ofegar, Antoine beijou seu corpo inteiro, disse que gostava dos seus pelos, fez carinho neles, lambeu sua buceta com devoção e quando ela pediu deslizou devagarinho pra dentro dela falando francês no seu ouvido.
Celina gozou tão forte que sua vista escureceu e aquilo foi uma iluminação - na imensidão do gozo que ela soube: a vida ainda era grande e cheia de possibilidades.
Deusa, depois de se deleitar lendo essa news, que tal encaminhar para uma amiga que também merece sentir prazer lendo esse conto?
— Sugestão Lasciva
A sugestão lasciva de hoje é o filme Vidas Passadas, da diretora Celine Song. Um dos filmes mais lindos e comoventes que assisti recentemente, Vidas Passadas conta o encontro de Nora, uma imigrante coreana que vive em Nova Iorque e Hae Sung, seu antigo amor de infância. Quando Hae Sung aparece pra visitá-la depois de anos de distância e desencontro, Nora, agora casada, se vê numa encruzilhada emocional. Delicado e complexo, cheio de silêncios que dizem muito, vale a pena assistir.
— Vem aí: Sessões Individuais
Venho com uma novidade muito esperada. Há anos me perguntam quando eu voltaria com os atendimentos individuais e, finalmente, esse dia chegou. Esse tem sido um ano de reviravoltas e se tem algo que já aprendi nessa vida é que às vezes a gente dá voltas e voltas para no fim chegar de volta a si mesma. E nesse reencontro comigo, com minhas origens e propósito, senti o chamado de voltar a oferecer atendimentos individuais.
Quando me especializei em sexualidade positiva e fiz a transição de carreira pra terapeuta, meus dias eram repletos de encontros com mulheres que buscavam - prazer, cura, autoestima, tanta coisa. Então me mudei pra Nova Zelândia, criei a Escola Lasciva, parei os atendimentos e me dediquei exclusivamente aos meus cursos.
Nunca parei de ouvir e ajudar mulheres, essa é a minha vida. Mas agora sinto o desejo de chegar mais perto de novo, de conhecer e contribuir ainda mais a fundo, ainda mais pessoalmente. Então, estou abrindo a agenda para atendimentos individuais agora a em setembro.
Por ora, as vagas são bem limitadas. Se você quer conversar comigo, clica aqui:
Vai ser um prazer te conhecer!
— Pra dar replay
Falando em arte do encontro, falo de não-monogamia. Ainda tem muita gente que acha que NM é apenas sobre poder fazer sexo com mais de uma pessoa, o que é uma visão limitada, é muito mais complexo e profundo do que isso, porém isso não invalida a importância que o sexo pode ter - pode ser sobre sexo também e isso é válido. Explico melhor no vídeo:
— Curadoria Lasciva
para te nutrir de erotismo
pra dançar junto:
pra se molhar:
pra ouvir:
O que você sentiu lendo essa edição da news? Deixe um comentário, vamos conversar!
Suculenta demais! Amei <3
Ai Lua, que coisa linda! De novo você conseguindo fazer a gente acessar, sentir e pensar camadas profundas e deliciosas da vida. Obrigada pela partilha! E parabéns pelo novo percurso com os atendimentos, que seja transformador para você e para aquelas que te encontrarem <3